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Esta é a primeira vez que o Daime é tema de um espetáculo musical.
Obra pode ser conferida no Canal do Youtube da Igreja Mestre Irineu
Quase 100 anos depois de sua criação como doutrina religiosa, que ocorreu no Acre no início do século XX, por Raimundo Irineu Serra, o Mestre Irineu; a Linha Espiritual e filosófica do “Daime” ainda é pouco conhecida do público em geral, embora reúna membros e Igrejas em todos os estados brasileiros e diversos países. Um desses templos, a Igreja Mestre Irineu (IMI), foi fundada, em 1990, pelo Padrinho Renato Nord. Atualmente localizada em Várzea Grande, a Casa vem desenvolvendo um intenso trabalho de registro e divulgação da memória e ideais Daimistas implantados por Irineu.
Entre os trabalhos apoiados pela Igreja em 2021 tendo em vistas a cumprir esse objetivo de registro e divulgação do Daime, está o projeto musical “O Poder da Floresta”, que neste domingo (25 de dezembro) completa um ano de lançamento. Três produtos multimídia integram o projeto: o Musical “O Poder da Floresta”; o documentário-musical “O Poder da Floresta”, ambos produzidos e dirigidos pelo multiartista, secretário e Coordenador da Comissão de Comunicação, Arte e Cultura da Igreja, Luiz Pita; e o CD do Hinário “Mensageiros das Estrelas”, recebido pelo Padrinho e membro do conselho doutrinário da IMI, Egon Nord, cantado no musical.
De acordo com o Padrinho Renato, os princípios do Daime estabelecidos por Mestre Irineu e seguidos na IMI, se resumem a três pilares: o modo de fazer o Daime, durante o ritual do Feitio, que possibilita o armazenamento por anos; a utilização da bebida durante as sessões; e cantar os hinos e hinários. Foi observando essa ligação com a musicalidade e a partir do entendimento da floresta como sagrada, um princípio fundante da compreensão Daimista, que Pita, teve a ideia de abordar o tema por meio de um projeto multimídia, capaz de trazer essas múltiplas dimensões e referências.
“A inspiração principal foram os hinos do Padrinho, Egon Nord, de seus três hinários: Mensageiros das Estrelas, Terra Estrela e Luz Cósmica. Durante o primeiro ano da pandemia, tinha o hábito de sair para caminhar no final da tarde e ouvir os hinários. Durante as caminhadas, comecei a criar um roteiro e fui sequenciando os hinos que funcionavam para contar a história. Logo depois, apareceu a Lei Aldir Blanc e me atrevi a escrever o projeto”, destaca Pita. O projeto foi contemplado no edital “MT Nascentes” da Secretaria de Estado de Cultura, Esportes e Lazer de Mato Grosso (Secel-MT).
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O Poder da Floresta é uma releitura do universo e da cultura Daimistas apresentados de forma sensível, artística e poética, ao mesmo tempo em que quebra preconceitos
Arte e Espiritualidade - Respondendo pela concepção e criação artística do projeto, Luiz Pita considera que trabalhar o universo Daimista artisticamente refletiu de forma positiva com que o trabalho tem chegado ao público. Segundo o produtor, a maioria entendeu que “se tratava de uma representação artística do universo do Daime, com cenas ludicamente construídas para contar e cantar histórias e hinos, além dos ritos da igreja, porém de forma poética e idealizada”.
O material musical de base, utilizado nos três produtos do projeto, tiveram como fonte uma coletânea de hinos de hinários recebidos pelo Padrinho Egon Nord: “Mensageiros das Estrelas”, "Terra Estrela" e "Luz Cósmica". Segundo o Padrinho, o trabalho realizado acabou alcançando um resultado artístico que traduziu as dimensões do Hinário. “O resultado superou as minhas expectativas, trazendo novas percepções e dimensões para o que eram os hinos”, enfatiza Egon, que também atuou encenando no musical.
Para o Maestro e arranjador do projeto, Jefferson Neves, pelo o ineditismo na cena teatral, “o Poder da Floresta marcou a história”. “É muito bom fazer parte dessa história. Espero que haja muitos outros musicais e porque não uma versão ao vivo desse mesmo musical. Acho que O Poder da Floresta pode ser reapresentado, não é, por que não? Fonte de criatividade e material artístico a gente tem de sobra para falar mais sobre o Daime através da arte”, diz.
“A partir do momento que abraçamos a ideia, de um tema que remetesse à floresta, tudo fez mais sentido”
Nas palavras de Jefferson, “a partir do momento que abraçamos a ideia, de um tema que remetesse à floresta, tudo fez mais sentido”. “Daí, na produção dos arranjos, fui atrás de sonoridades que remetessem aos elementos da natureza. Cada um dos elementos naturais imprime uma sensação sonora, daí através disso, fui moldando cada hino, além do material oferecido nas letras de cada hino, o grande desafio musical, na verdade foi criar arranjos que dessem uma sonoridade única e que ao mesmo tempo fosse fiel às mensagens e às melodias de cada canção”, comenta.
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Igreja Mestre Irineu segue a linha espiritual estabelecida por Mestre Irineu (foto no porta-retrato), fundador da doutrina do Daime
Na opinião do Maestro, o público comprou a ideia e entendeu a proposta. “Houve uma grande comoção, quando se depararam com as mensagens presentes nos hinos e nos textos encenados. Foi uma experiencia única para todos. Para o Daime, para o elenco e para plateia. Do ponto de vista artístico foi o que mais me atraiu neste projeto. Este desafio, foi a parte mais atraente e casou perfeitamente com a proposta do Coro Experimental MT, que tem um forte propósito de sempre produzir algo diferente e desafiador, caso deste musical”, relata.
Interessados em conhecer o documentário-musical e o CD Mensageiros das Estrelas o Daime, podem acessar o Canal do Youtube da IMI. Além disso, a 13 faixas sonoras e a oração que compõem o hinário “Mensageiros das Estrelas” e a coletânea cantada no musical também podem ser ouvidas no Canal do Spotify do padrinho Egon Nord.
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Capa do Hinário Mensageiros das Estrelas, hinário recebido pelo Padrinho Egon Nord
Experiência Marcante – A cantora Vera Capilé foi um dos destaques do projeto Musical. Com sua voz marcante e experiência na música e canto, deu vida e suavidade à execução sonora. “Foi um trabalho gratificante a todos nós. Uma novidade para mim. Nunca tinha entrado na igreja. Não sabia nada sobre o Daime e sobre a comunidade. Foi muito bom, porque desde o primeiro dia, as pessoas foram mostrando a plantação, o lugar da secagem onde faziam todos os atos anteriores à preparação do líquido para feitura do Daime, para feitura desta cerimônia”, emociona-se.
A ligação espiritual com os elementos da natureza e a reverência à floresta, foi um dos pontos que encantou a artista. “Uma chácara linda, eu que adoro a natureza, que moro numa chácara, eu fui conhecer a plantação toda, as pessoas, como são felizes por estarem ali e eu acredito que o público que assistiu e que ainda assiste gostou muito de tudo o que nós fizemos. Eu fiz uma das figuras mais importantes da Igreja e foi muito bom para mim depois que eu a conheci no dia do lançamento do musical”, salienta. Vera, ao afirmar que foi surpreendida pela musicalidade da Cultura Daimista.
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“É tudo muito melódico e cadenciado. Uma música que realmente eleva. Eu vi a arte e esse lado lúdico da fé. Não conhecia essa musicalidade. Sempre os hinos religiosos me tocam e esses do Daime me tocaram muito mais, porque são alegres, expansivos e simpáticos. Cada um, eu cantei com a minha força de cantora de muito tempo. Cada um foi mais sonoro e melódico que o outro. Uma surpresa muito boa, porque nem conhecia a Igreja Mestre Irineu e fui saber da história toda, que lindo, dos mestres que ali estão, de quem compôs as melodias, das pessoas, foi encantador”, conclui a cantora, que aparece com destaque na foto, como primeira da fila para beber o Daime.
Cultura Daimista e o combate a preconceitos
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“O Daime tem sua própria cultura que começou a ser construída pelo Mestre Irineu a partir do momento que recebeu a Doutrina. Os hinos, a vestimenta, o cultivo das plantas, a musicalidade, os rituais, a irmandade e suas relações, todos esses elementos são materiais de estudo que podem ser abordados culturalmente ou artisticamente. Hoje o que vemos na grande maioria na internet de pesquisa é muito pobre em conteúdo para quem pesquisa ou quer conhecer sobre esta cultura”, explica.
"O Daime tem sua própria cultura que começou a ser construída pelo Mestre Irineu a partir do momento que recebeu a Doutrina"
Segundo o produtor, “encontramos muito material preconceituoso e destrutivo a respeito da doutrina e seus rituais. Assim, o musical documentário é um pequeno almanaque sobre o Daime. Lá você encontrará um pouco de tudo sobre esse universo, seja para quem nada sabe ou para quem já frequenta. Temos relatos riquíssimos que irão auxiliar o espectador a mergulhar na doutrina e tirar suas próprias conclusões. Tudo embalado pelos hinos do Padrinho Egon”.
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Padrinho Egon Nord executa um de seus hinos durante a encenação do espetáculo O Poder da Floresta
Desafios artísticos - Um dos principais desafios enfrentados pelo projeto foi o envolvimento de uma equipe grande, que contou com os integrantes do Coro Experimental MT, complicado pelo fato de que foi executado durante o período pandêmico. “Precisava despertar nos inúmeros profissionais a paixão pelo projeto e o olhar necessário para cada parte, como cenário, coral, documentário, musicalidade, arranjos, cantores, figurinos e edição. O ponto alto foi a construção da relação com o maestro Jefferson Neves e os coralistas e músicos, fundamentais para o sucesso do musical”, pondera o secretário da IMI, Luiz Pita.
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Um dos pontos altos do musical foi destacar os principais elementos da religiosidade e cultura daimistas, mas a partir de uma releitura completamente artística e poética
O Maestro Jefferson Neves, responsável pelos arranjos complemente inovadores executados no musical, também enfatiza que um dos principais desafios do projeto foi justamente trabalhar com uma equipe múltipla durante o isolamento social. “Concebido e executado durante a pandemia, com um elenco relativamente grande e que apenas este contexto já apresentava todos os desafios que iríamos enfrentar durante todo o processo”, avaliou. Segundo o maestro, apesar das dificuldades, o projeto é bastante inovador, tanto musicalmente, quanto relativo ao tema.
“Nós temos conhecimento de muitas manifestações artísticas que partem de um referencial religioso. Pode ser uma referência, uma releitura ou uma apresentação fiel, dos ritos das religiões de matriz africana, da igreja católica, entre outras. Mas nunca houve um espetáculo dessa dimensão como foi o Poder da Floresta e sobre o Daime. A aceitação do público foi imediata. Primeiro houve muita expectativa e curiosidade sobre o tema deste espetáculo. E é importante dizer que um espetáculo e não uma cópia fiel do que seria uma sessão do Daime”, pontua.
Além disso, Jefferson considera que outro desafio foi manter um referencial marcante do que é a Doutrina do Daime e pensar no público que teria um primeiro contato. “Precisava ser interessante para o espectador. Ser bem amarrado, com um figurino interessante do ponto de vista do visual e do movimento. Um cenário dinâmico que envolvesse a plateia e, mais do que isso, nós tínhamos que pensar num espetáculo audiovisual, que envolve outras questões técnicas que são bem diferentes das que normalmente encontramos na produção voltada para o público no teatro”.
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O trabalho multimídia contou com a parceria do Coro Experimental da UFMT e a colaboração de toda irmandade da Igreja Mestre Irineu, numa união bastante frutífera
Equipe
Além desses profissionais, os produtos contaram com o auxílio de muitos outros, incluindo membros da Igreja Mestre Irineu, que participaram do espetáculo musical e da captação do material, além de depoimentos que estão no documentário, auxiliando a trazer essa sensibilidade à produção multimídia. A exemplo da coordenação geral, que esteve a cargo de Stéphano Cândido, a Direção Cênica e Dramaturgia, por Katiuska Azambuja e a direção de fotografia, realizada pela cineasta Jade Rainho. O musical contou ainda com a participação especial de cantores e músicos da Igreja Mestre Irineu.
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Rituais daimistas foram encenados no Musical, a exemplo do Feitio, quando a coleta das folhas da Rainha é feita pelas mulheres e a bateção e do jagube pelos homens
Ficha Técnica
- Hinários Mensageiros das Estrelas, Terra Estrela e Luz Cósmica: Padrinho Ego Nord
- Proponente: Guto Humano
- Produção/Direção Geral e Roteiro: Luiz Pita
- Coordenação Geral: Stéphano Cândido
- Direção/Dramaturgia: Katiuska Azambuja,
- Projeto Gráfico e Cenografia: Luiz Pita
- Direção de Fotografia do Documentário: Jade Rainho
- Ilustração e Divulgação: Nana
- Cenografia: Bruno Custódio
- Cantores: Coro Experimental MT
- Violão e Viola de Cocho: Sidnei Duarte
- Violão: Guto Humano e Rafael Otaño
- Percursão: Ricardo Kalan Schwarz
- Violinos: Willer Siqueira / Daniela Castrillon
- Participação Especial: Cantores e Músicos da Igreja Mestre Irineu.
- Iluminação: Lourivaldo Rodrigues
- Captação e Edição de vídeo: Marcelo Sant’Anna
- Desenho de Som: Oswaldo Batista
- Assistentes de Palco: Andreia Candido, Andréia Juiz, Edinalva Silva, Emanuel Corrêa, Higo Marques
- Assessoria de Imprensa: Johnny Marcus
Texto: Aluízio de Azevedo, Comissão de Comunicação, Arte e Cultura da IMI
Fotos: Produção do Musical O Poder da Floresta
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